A liderança nos tempos da Liquidez
Com conteúdo e fino senso de humor, professor Leandro Karnal abre Congresso da Brigada Militar
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O filósofo e sociólogo polonês Zygmunt Bauman definiu a modernidade líquida como o tempo em que a sociedade funciona com estruturas menos rígidas e com relações mais passageiras e temporárias. Foi partindo desse conceito que o professor, historiador e palestrante Leandro Karnal conduziu a palestra de abertura do Congresso da Brigada Militar, na manhã desta quarta-feira (1º/11), no Salão de Atos da PUCRS, em Porto Alegre.
Sob o tema “Liderança para o Futuro da Instituição”, o público formado por oficiais da BM e convidados assistiu com atenção à apresentação do acadêmico. Com muito conteúdo e um fino senso de humor - aos moldes das apresentações que o transformaram em um dos palestrantes mais importantes da atualidade no Brasil - Karnal passeou com fluidez, durante uma hora, por temas como autoridade, tipos de liderança e competências profissionais para a liderança do presente e do futuro.
Autoridade e liderança na era da conquista
Em sua explanação, o professor começou pautando a era atual, a qual considera um dos momentos mais complicados para ser líder, em função de uma crise vivenciada no conceito de liderança. Um exemplo de como isso se manifesta é uma pesquisa apresentada durante a palestra, na qual 95% das lideranças brasileiras pesquisadas sentiam insegurança na tomada de decisão.
O professor traçou um panorama dos modelos de liderança através do tempo, com ênfase na atualidade. Citando o sociólogo Roberto DaMatta, Karnal enfatizou que a ênfase na figura da pessoa “você sabe com quem está falando?” é cada dia menos acolhida e que uma autoridade possível, nos dias atuais, é aquela legitimada por meio do senso de serviço à sociedade, a uma comunidade ou a um ajuntamento de pessoas. “Existe o líder ‘ele já chegou?’ (distante) e existe o líder que serve pessoas, tranquiliza e domina processos”, comentou.
Em relação ao conceito de autoridade, Karnal sublinhou que autoridade é diferente de autoritarismo, que é diferente de negação total da autoridade. De acordo com ele, exercer esse tipo de poder é, cada vez mais, ter a tranquilidade, a racionalidade e a estabilidade para guiar processos. “Vivemos uma época em que a autoridade precisa ser restaurada no seu sentido positivo”, pontuou.
O perfil do líder do futuro
Na metade final do encontro, o palestrante elencou diversas características e habilidades esperadas no perfil do líder do futuro. Entre elas, estão o domínio das ferramentas de inteligência artificial, a filosofia do Lifelong Learning (em livre tradução, aprendizado pela vida inteira) e das estratégias do Upskilling (aprimoramento de conhecimentos na sua área de atuação) e Reskiling (aprendizado de novas habilidades e competências para se adaptar ao mercado). O exercício e o desenvolvimento da visão estratégica também é uma competência cada vez mais necessária ao líder.
Texto: jornalista Ícaro Ferreira/PM5
Foto: Everton de David /PM5