Brigada Militar reforça postura antirracista durante 1º Seminário de Igualdade Racial
Comandante-geral destaca esforços da Corporação no combate ao preconceito
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Ao participar do 1º Seminário de Igualdade Racial, o comandante-geral da Brigada Militar, Cel PM Cláudio dos Santos Feoli, fez uma fala contundente sobre o papel das forças de segurança pública no enfrentamento ao racismo e à discriminação. Representando oficialmente a Instituição, ele reafirmou o compromisso da BM com práticas antirracistas, com a revisão de protocolos internos e com a formação continuada dos policiais, pautada em evidências e princípios constitucionais. “Enquanto força policial, nós temos que sim, combater o racismo e os racistas”, afirmou.
Com o tema “Compromisso com a igualdade dentro e fora da farda é servir com justiça e proteger com equidade”, a Brigada Militar promove nesta terça-feira (13/5/2025) o 1º Seminário de Igualdade Racial. O encontro no auditório da Federação Gaúcha de Futebol, em Porto Alegre, desde as 8h, reúne painéis sobre desafios e estratégias de combate ao racismo institucional, políticas públicas antirracistas e o papel da ciência na construção de soluções operacionais mais justas e não seletivas.
Racismo estrutural
Um dos destaques da programação é o painel “A Brigada Militar como Instituição Multirracial”, conduzido pelo Comandante-Geral, Cel PM Feoli. Ele ressaltou o compromisso da Corporação com o enfrentamento ao racismo estrutural, à discriminação e à promoção da equidade dentro e fora da Instituição. A fala foi marcada por reflexões sobre o papel da Brigada Militar frente às desigualdades raciais e sociais.
Segundo o coronel, o sistema Avante, ferramenta da Unidade de Gestão Estratégica e Controle (UGSEC), realiza uma análise comparativa dos preconceitos ligados à raça, deficiência, etnia e religião. “Esses dados fazem com que nós possamos fazer programas de prevenção da sociedade”, explicou.
Estudos científicos
O comandante enfatizou que a Brigada Militar está empenhada na revisão de protocolos e na elaboração de políticas baseadas em estudos científicos e no censo social. “A instituição está preocupada com essa questão e mede tudo que faz. É sempre uma das pautas que nós vamos estar junto da comunidade para termos uma sociedade mais igualitária”, afirmou.
Feoli destacou também os esforços da Corporação na formação continuada dos policiais com foco em diversidade étnica e direitos humanos. “Todo ano temos nosso programa de aperfeiçoamento de educação continuada, em que os aspectos policiais em defesa da igualdade racial são mencionados. Em 2025, essa formação estará ainda mais próxima da Semana da Consciência Negra”, adiantou.
O comandante lembrou que a Brigada Militar também participa de programas de treinamento interinstitucionais que envolvem outras forças de segurança pública, como a Polícia Civil e o IGP, com foco em abordagens não discriminatórias. “É a lei que deve pautar a ação da polícia, independente da etnia do infrator ou da pessoa com quem interagimos”, reforçou.
Filósofa Angela Davis
Ao encerrar sua fala, Feoli citou a filósofa Angela Davis para resumir o posicionamento institucional: “Não basta não ser racista, é preciso ser antirracista. Então não adianta a Brigada Militar não ser racista. Enquanto força policial, nós temos que sim, combater o racismo e os racistas”.
Além da perspectiva interna, o seminário também propõe um olhar ampliado sobre o papel da sociedade civil no enfrentamento ao racismo, destacando a importância da participação ativa de organizações sociais e coletivos negros na construção de uma segurança pública mais equitativa. O debate visa aproximar diferentes vozes e experiências para o fortalecimento de políticas antirracistas que dialoguem com a realidade das ruas e das comunidades.
Desafios e desigualdades
Outro ponto central da programação é a discussão sobre os desafios da implementação de políticas públicas antirracistas nas instituições de segurança. O painel lança luz sobre entraves históricos, resistências institucionais e caminhos possíveis para transformar estruturas marcadas por desigualdades raciais. A ideia é pensar soluções que integrem ações afirmativas, formação continuada e gestão comprometida com a equidade.
Também foi abordado o trabalho da Comissão Permanente de Estudos sobre Igualdade Racial da Brigada Militar. O foco estará na aplicação de soluções baseadas em evidências e orientadas pela ciência, com ênfase na superação de práticas seletivas e no aprimoramento das abordagens operacionais. A proposta é consolidar um modelo de policiamento que respeite os direitos humanos, combata o racismo estrutural e promova uma cultura institucional mais inclusiva.
PAINELISTAS E TEMAS DEBATIDOS
Boas-vindas - Cel PM Vladimir Luís Silva da Rosa – Corregedor-Geral da Brigada Militar e presidente da Comissão Permanente de Estudos sobre Igualdade Racial na Brigada Militar
Painel de abertura: A Brigada Militar como Instituição Multirracial
Painelista: Cel PM Cláudio dos Santos Feoli - Comandante-Geral da Brigada Militar
1º painel: Sociedade Civil e o Enfrentamento do Racismo
Painelista: Delegado Fernando Antônio Sodré de Oliveira
Mediador: Cel PM Jorge Dirceu Abreu Silva Filho
2º painel: Desafios na Implementação de Políticas Públicas Antirracistas na Segurança Pública
Painelista: Maj PM/BA Jalba Santiago dos Santos Segundo
Mediador: Maj PM Ezequiel Spacil Roehrs
3º painel: A Brigada Militar e os Aspectos Operacionais em Defesa da Igualdade Racial
Painelista: Maj PM Michel Ribeiro
Mediadora: Cap PM Roxane de Deus Lopes
4º painel: O Ministério Público do Trabalho no Enfrentamento ao Trabalho em Condições Análogas às de Escravo
Painelista: Drª Flávia Borneo Funck - procuradora do Ministério Público do Trabalho
Mediador: Ten Cel PM Rafael Assis Brasil Ramos Aro
5º painel: Ações da Ronda OMNIRA da Polícia Militar do Estado da Bahia
Painelista: Maj PM/BA Silvio Conceição do Rosário
Mediadora: Maj PM Pâmela Mühlemberg Tavares Saueressig
6º Painel: Atuação da Comissão Permanente de Estudos sobre Igualdade Racial na Brigada Militar – Soluções Orientadas pela Ciência e sem Seletividade
Painelista: Cel PM Vladimir Luís Silva da Rosa
Mediador: Cap. PM Marlus Caetano Rodrigues
Texto: jornalista Marcelo Miranda - servidor civil/PM5/Brigada Militar