Estudo da BM e PUCRS propõe novo dispositivo para proteger pacientes e profissionais da Odontologia durante a pandemia
Projeto recebeu financiamento da FAPERGS e foi aceito em importante periódico internacional
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Dados do Ministério da Saúde mostram que um grande número de profissionais da saúde já foi infectado pela Covid-19 no Brasil. Estudos mostram que entre os mais vulneráveis estão os profissionais de saúde bucal, com alto risco de contágio em função do ambiente e da proximidade física com os pacientes. Pensando nisso, dois oficiais do Quadro de Especialistas em Saúde do Centro Médico-Odontológico da Brigada Militar (CMOBM), juntamente com um grupo de pesquisadores da Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul (PUCRS), estão testando a eficácia de um novo dispositivo que garanta mais segurança e saúde aos pacientes e profissionais da Odontologia.
O projeto nasceu da ideia do Capitão QOES Ruy Teichert Filho, que propôs um dispositivo que oferecesse uma barreira física entre o paciente e o profissional, sem prejudicar o acesso do cirurgião-dentista para a realização dos procedimentos odontológicos. Com a orientação do Major QOES Maximiliano Schunke Gomes, o projeto foi institucionalizado via Instituto de Pesquisa da Brigada Militar (IPBM) e na PUCRS, e contemplado no Edital Emergencial de Ciência e Tecnologia no combate à Covid-19, da Fundação de Amparo à Pesquisa do Rio Grande do Sul (FAPERGS).
O projeto leva em consideração o elevado risco que os profissionais da Odontologia estão expostos durante a pandemia. “São altos riscos de infecção cruzada por SARS-CoV-2 durante suas práticas, em razão da exposição à saliva, sangue e outros fluidos corporais, combinados à realização de procedimentos que geram aerolização (lançamento de micropartículas de água, saliva, sangue e secreções, que ficam suspensas no ar) e ao manejo de instrumentais pérfuro-cortantes”, explica o Major Maximiliano.
Medidas adicionais de controle de infecção na prática odontológica são necessárias e vêm sendo sugeridas para impedir a disseminação do vírus da Covid-19 e ajudar a controlar a situação pandêmica. “Devido às características únicas dos procedimentos odontológicos, as medidas de proteção padrão no trabalho clínico diário podem não ser eficazes o suficiente para impedir a propagação do vírus, especialmente quando os pacientes estão no período de incubação, podendo ignorar que estão infectados”, comenta o Maj QOES Maximiliano.
O dispositivo proposto é constituído de uma estrutura de acrílico transparente, que é ajustada à cadeira odontológica, envolvendo a região de cabeça e tórax do paciente. Assim, o cirurgião-dentista e equipe atuam através de pequenos orifícios, estandomais protegidos do contato com partículas oriundas de aerolização. O dispositivo reduz também os riscos de propagação do vírus no ambiente e a consequente infecção cruzada entre pacientes.
Um primeiro estudo, com a apresentação do dispositivo, já foi aceito para publicação no InternationalEndodonticJournal, periódico oficial das Sociedades Britânica e Europeia de Endodontia e que possui alto impacto no meio científico. A segunda fase do projeto está em andamento na Policlínica Odontológica do CMOBM, com a condução de um ensaio clínico randomizado controlado que testa a hipótese de que a utilização do dispositivo reduz a dispersão de partículas em comparação ao tratamento controle padrão. As análises microbiológicas ocorrem no Centro de Pesquisa de Toxicologia e Farmacologia (Intox/PUCRS).
O Major QOES Maximiliano Schunke Gomes lidera o projeto, juntamente com a coordenadora do Programa de Pós-Graduação em Odontologia da Escola de Ciência da Saúde e da Vida da PUCRS, Professora Doutora Maria Martha Campos, o doutorando e Capitão QOES Ruy Teichert Filho e a mestranda Camila N. Baldasso.